Tem dias que é assim, a alma tá vestindo as roupas de infância,
e tá chovendo fininho dentro da gente, daquelas chuvas que não te assusta mas
te faz pensar. E cada piscadela é uma
cena diferente, é o que foi agora pouco
ou lá de outro mundo. A chuva escorrendo
na pedra daquela montanha cheia de matinho, e eu só pensava que um dia eu ia
morar na montanha, por que era o lugar mais triste do mundo, e a tristeza é
muito bonita. E quem pode resistir há uma beleza que não existe na cabeça de
mais ninguém? Quem é que resiste aquilo que só faz sentido pra si mesmo? Eu
queria a montanha, eu subi a montanha, e a montanha me matou. Não pense que a montanha foi cruel, ela nunca
foi, ela me matou de profundidade, ela conquistou os pedaços aos poucos, ela me
seduziu a pedir para morrer, morrer de tristeza. Tristeza bonita. E agora você não me entende, por que você ama
o mar em dia de sol, você ama o que te convida a viver com um sorriso na cara,
você ama a vulgaridade da felicidade que você entende, por que é o que há pra
se entender. Porque quando eu penso em alguém, eu penso em ninguém... mas quando
eu penso em um lugar, eu penso na montanha. Bem do vidro da minha janela, com
gotículas de chuva, de segunda a sexta, às 6:30 e às 12:45, com seu pasto
verdinho, e os cavalinhos passeando no sopé, o frio de maio, e a água pela
pedra incrustada em toda a sua lateral esquerda. Que dia de sol pode roubar o lugar da minha
montanha de céu nublado? Por que o céu azul e o mar azul é uma beleza
corriqueira, mas a montanha é a judia do nariz esquisito, cheia de defeitos
interessantes. Ela é triste, e sua tristeza é bonita.
Um post novo! :) Alegria, Thamara!
ResponderExcluirBeijos e até domingo,
Gabi