sexta-feira, 17 de maio de 2013

Tristeza Bonita


Tem dias que é assim, a alma tá vestindo as roupas de infância, e tá chovendo fininho dentro da gente, daquelas chuvas que não te assusta mas te faz pensar.  E cada piscadela é uma cena diferente,  é o que foi agora pouco ou lá de outro mundo.  A chuva escorrendo na pedra daquela montanha cheia de matinho, e eu só pensava que um dia eu ia morar na montanha, por que era o lugar mais triste do mundo, e a tristeza é muito bonita. E quem pode resistir há uma beleza que não existe na cabeça de mais ninguém? Quem é que resiste aquilo que só faz sentido pra si mesmo? Eu queria a montanha, eu subi a montanha, e a montanha me matou.  Não pense que a montanha foi cruel, ela nunca foi, ela me matou de profundidade, ela conquistou os pedaços aos poucos, ela me seduziu a pedir para morrer, morrer de tristeza. Tristeza bonita.  E agora você não me entende, por que você ama o mar em dia de sol, você ama o que te convida a viver com um sorriso na cara, você ama a vulgaridade da felicidade que você entende, por que é o que há pra se entender. Porque quando eu penso em alguém, eu penso em ninguém... mas quando eu penso em um lugar, eu penso na montanha. Bem do vidro da minha janela, com gotículas de chuva, de segunda a sexta, às 6:30 e às 12:45, com seu pasto verdinho, e os cavalinhos passeando no sopé, o frio de maio, e a água pela pedra incrustada em toda a sua lateral esquerda.  Que dia de sol pode roubar o lugar da minha montanha de céu nublado? Por que o céu azul e o mar azul é uma beleza corriqueira, mas a montanha é a judia do nariz esquisito, cheia de defeitos interessantes. Ela é triste, e sua tristeza é bonita.

Um comentário: