Quando eu olho pra você, eu penso que seus olhos são
realmente verdes... mas agora eu sei, verde não é a cor da esperança, e sim o
vermelho. Quando eu penso em você, eu me lembro daquele sorriso de canto de
boca, aquelas mão confiantes, e seu jeito ridiculamente descolado de andar como
se conhecesse o mundo... você conhece bem o mundo, mas não o bastante pra
odiá-lo ainda, então tem muito a entender... eu queria salvar você, se tivesse
um último desejo seria esse. Por que a despeito de tudo, eu quero os seus olhos
verdes em segurança e acreditando no vermelho com toda a sua alma, pra que você
conheça a paz. Eu não quero te cuidar, mas eu quero que alguém te cuide, se
deixe cuidar então... não pra que você se sinta feliz (porque tenho certeza que
você já é), mas pra que você fique bem, por que eu te digo, as coisas vão
piorar, elas sempre pioram, é a tendência natural de se estar mortalmente
vivo... Você vai viver muito ainda meu bem, tenho essa certeza que carrego
comigo, você chega aos 90 rindo da minha falta de saúde; só que meu bem, você
vai viver ainda mais, use os seus 90 pra comprar uma passagem pra eternidade,
eu não quero te ver lá, mas eu quero que você esteja lá... Eu confio no seu bom
coração, não me interessa quem você é agora, eu confio no seu bom coração, mas
não no seu bom julgamento, e eu te entendo... entendo a sua raiva, entendo sua
urgência, entendo seu desejo, e entendo seu amor, eu te entendo tanto que sua
dor é quase a minha, mas isso quando eu acreditava no verde... hoje não mais.
Hoje dói sem arder, hoje não há drama, hoje eu te vejo e me lembro que te
chamei de amor, mas hoje não, não quero seu amor, quero você em segurança, mas não
tenho coragem de te salvar com as palavras... Você provavelmente arremessaria
todas na minha cara até eu ficar perfurada de pérolas, você provavelmente me
odeia, ou me despreza , ou simplesmente me ignora, e eu não ligo a mínima para
o que você pensa sobre mim, eu só quero você a salvo.
segunda-feira, 27 de maio de 2013
sexta-feira, 17 de maio de 2013
Tristeza Bonita
Tem dias que é assim, a alma tá vestindo as roupas de infância,
e tá chovendo fininho dentro da gente, daquelas chuvas que não te assusta mas
te faz pensar. E cada piscadela é uma
cena diferente, é o que foi agora pouco
ou lá de outro mundo. A chuva escorrendo
na pedra daquela montanha cheia de matinho, e eu só pensava que um dia eu ia
morar na montanha, por que era o lugar mais triste do mundo, e a tristeza é
muito bonita. E quem pode resistir há uma beleza que não existe na cabeça de
mais ninguém? Quem é que resiste aquilo que só faz sentido pra si mesmo? Eu
queria a montanha, eu subi a montanha, e a montanha me matou. Não pense que a montanha foi cruel, ela nunca
foi, ela me matou de profundidade, ela conquistou os pedaços aos poucos, ela me
seduziu a pedir para morrer, morrer de tristeza. Tristeza bonita. E agora você não me entende, por que você ama
o mar em dia de sol, você ama o que te convida a viver com um sorriso na cara,
você ama a vulgaridade da felicidade que você entende, por que é o que há pra
se entender. Porque quando eu penso em alguém, eu penso em ninguém... mas quando
eu penso em um lugar, eu penso na montanha. Bem do vidro da minha janela, com
gotículas de chuva, de segunda a sexta, às 6:30 e às 12:45, com seu pasto
verdinho, e os cavalinhos passeando no sopé, o frio de maio, e a água pela
pedra incrustada em toda a sua lateral esquerda. Que dia de sol pode roubar o lugar da minha
montanha de céu nublado? Por que o céu azul e o mar azul é uma beleza
corriqueira, mas a montanha é a judia do nariz esquisito, cheia de defeitos
interessantes. Ela é triste, e sua tristeza é bonita.
sexta-feira, 10 de maio de 2013
O Objeto e a
Luz
Hoje veio outra vez aquela sombra, eu a vejo se esgueirando pelas esquinas , pelas pilastras, atrás das portas... elas sorri debochadamente de mim como se eu a pertencesse, como pra dizer que meu tempo está se esgotando..
Por dias, ou semanas, ou poderiam ser só horas? Ela tem fome do que eu carrego por dentro, eu sinto a sua presença gélida, quieta, paciente... cínica.
Um dia alguém me disse: “velhos hábitos não te deixam ir...” e eu fujo, esse mal hábito rotineiro... fujo da sombra... corro pra longe.
Me enterro em um livro que me enclausure e sorva em longos tragos o meu ar, e por 600 páginas sou toda tinta e papel, toda cores e capas, toda viagens pra lá do real... empresto meu coração aos personagens e o sangue que corre em minhas veias é deles também... mas a página 599 chega, e eu por não querer quebrar a magia nunca chego a 600...
A sombra me questiona: o que vem a seguir? Você não pode se esconder pra sempre...
então eu me afogo em melodias das músicas que nino com tanto zelo, que carregam um histórico tão forte que não me permite ouvir o que a sombra diz... Exatamente como uma queda d’água, as gotas das notas se arrastam pelo meu corpo, a pancada da água é forte e é uma sensação tão boa que doa assim! e quando sob tal peso levanto a cabeça, entra água por todos os cantos e eu só penso em respirar, é tão simples, só respirar... mas a cachoeira um dia seca....
É irônico pensar que a sombra nada tem a ver com escuridão, na verdade a sombra vem da luz... A luz incidida sobre um objeto provoca sombra e tudo é sobre seu ângulo de inclinação, a distância, a fonte luminosa...
Minha inteligência me diz que enquanto eu não descobrir qual objeto foi exposto à essa luz perturbadora, eu jamais saberei do que se trata essa sombra... mas aí, eu simplesmente fujo outra vez...
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